Jade, um novo som para o espanhol
Quando
eu decidi morar em outro lugar tive que enfrentar muitos desafios. Um deles foi
aprender uma outra língua e cultura, hábitos regionais e me adaptar a uma nova
estação climática, o calor intenso e úmido. Decidi que seria uma boa
experiência e me aventurei a viver em Cuba por três anos, longe da minha
família e amigos, mas fazendo algo que eu gosto, estudar e conhecer novas
pessoas, novas cidades, costumes, experiências e até uma nova forma de falar o
meu nome.
Eu
sou a mais velha da minha casa (por favor não espalhem) e minha mãe decidiu
chamar sua primeira filha de Jade. Ela tinha assistido ao filme "Amor sem
fim", onde a protagonista assim se chamava. Meu nome significa uma pedra preciosa
verde escura encontrada no Oriente. Mas
o que eu mais gosto no meu nome é do som da palavra e não do seu significado.
Jade é como algo suave e doce, uma palavra curta, mas forte como a minha
personalidade.
Chegando
em Cuba, ainda no aeroporto, percebi que meu nome não era dito aqui da mesma
forma que no Brasil e muito menos com a mesma entonação, no entanto, insisto em
ensinar as pessoas a me chamarem de Jade e não Rade, como se diz em espanhol. Afinal
de conta, um Juan quando chega ao Brasil não passa a ser João. Nome é nome.
Desde
então passo por situações divertidíssimas com todos na escola que tentam
pronunciar o meu nome ou que me gritam no corredor. Na primeira aula a chamada
foi um momento engraçado e inusitado, nunca passei por isso antes, agora
entendo as pessoas de nomes complexos, porque os professores falaram Rade ou Djade ou
nem falavam nada só me procuravam. Como era a primeira vez eu nem me tocava que
aquela pessoa era eu, daí passei a ficar atenta ao nome antes do meu. Até aí
tudo bem, pra mim o melhor continua sendo quando todos gritam em coro o meu
nome Xaaaadi. E sim, tem esse tanto de A quando eles falam. Em várias
situações, eles não podem me ver no corredor, na cantina, no bar, na rua que
ensaiam o coro Xaaaaadi. Segundo eles estão treinando pra falar certo. E estão
mesmo porque me perguntam se está certo, um corrige o outro e assim virei a
sensação da turma do primeiro ano da EICTV.
Hoje
eu gosto muito mais do meu nome, porque ele é forte, mas não como Rade, uma
pedrada que sai da boca do outro, e sim do som doce e sexy que é ouvir Xaaaaadi
ou Zadi.
Mas
há ainda uma outra maneira, como diz o amigo italiano, o certo é Jadeh como no
francês. Não existe uma forma correta, pode ser Xaaaadi, Zadi, Jade ou Jadeh,
basta que ele seja carinhosamente dito que eu vou olhar e sorrir.
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