Havana, a cidade perdida no tempo

No sábado fomos todos a Havana, leia todos como seis brasileiros, um costa riquenho e uma peruana, pois ainda é férias. A "guagua" ou ônibus saiu da escola as 10 da manhã e retornaria as 10 da noite, logo passamos todo o dia em Havana.

A cidade é encantadoramente linda, principalmente porque existe uma mistura muito grande do velho e do novo, do antigo e do moderno. A guagua nos deixa na "Copélia", um dos pontos turísticos pra quem gosta de "helado" ou sorvete. Os cubanos vão todos para lá no fim de semana com suas famílias e se formam imensas filas para conseguir entrar e tomar um helado de fresas. Lá o pedido mais famoso se chama ensalada, o que significa que serão 5 bolas de sorvete com bolachinhas. Aqui você não escolhe o sabor do helado, é o que tem. Na nossa vez era morango ou fresas, algum tempo depois a senhora nos avisou que havia chegado o de chocolate e coco. Tomamos nossas 5 bolas de sorvete por R$ 5 MIN (Moeda Nacional o mesmo que dinheiro cubano) e ficamos impressionados, pois ao cambiar para o Real isso significava R$0,50. Ai sim entendemos porque os cubanos lotam esse lugar no fim de semana, é muito barato até para eles.

Saímos da Copélia e entramos em uma loja para tirar fotos de documento para a carteira da escola, são aquelas fotos 1x1 muito pequenininhas que não existem ai no Brasil. Assim como quase todas as lojas em Cuba, nesse lugar se vendia de tudo, de serviço fotográfico a cigarros, gasosas, comida, materiais de higiene e eletrônicos tudo com valor em CUC (moeda turística equiparada ao dólar). E como todos os lugares em Cuba a loja era uma bagunça, a atendente parava de nos atender para namorar, as filas não tinham ordem, existia uns três caixas na loja e cada um para alguma coisa diferente que não identificamos. Mas, enfim conseguimos o que queríamos e fomos embora rumo a Havana Vieja, novamente de guagua.

As guaguas aqui são iguais aos ônibus no Brasil, lotadas! Mas aqui não existe catraca e nem cobrador e o preço, ai, o preço! Eram 0,30 de MIN, ou seja, não é nem possível passar para Real de tão baixo o valor, mas seriam, aproximadamente, R$ 0,05 por pessoa. Durante a viagem vamos ouvindo a rádio nacional transmitida para todos no som do ônibus. Com programação musical, tipo as 10 mais do Brasil e um apresentador que tem a voz muito parecida com a do Heródoto Barbeiro. Quando ele vai falar a data ele diz mais ou menos assim "hoje é dia 30 de agosto de 2014, 20 anos após a revolução". E volta aos sucessos musicais, que vão merecer um texto só pra eles, porque aqui toca de tudo.

Havana Vieja é linda, deslumbrante com sua arquitetura antiga, velha e em ruínas. Existe livraria espalhada pela cidade toda e sempre tem cliente, foi algo que notamos logo que começamos a caminhar. As praças tem músicas e feiras a céu aberto que lembram as de San Telmo na Argentina. Os cubanos pedem muito dinheiro quando percebem que somos turistas, o que se vê de longe, mas quando falamos que somos estudantes eles riem e conversam com a gente se divertindo por sermos brasileiros. Uma característica dos cubanos é a simpatia, todos são muito simpáticos e falantes, como falam e falam rápido e enrolado num espanhol a "la cubanês".

Aqui outro meio de transporte muito barato (para turista) são os taxis naqueles carros antigos, somos abordados toda hora e custam 10,00 CUC. Existem também o cocotaxi, uma espécie de moto-carro para duas pessoas bem baratinho e a bicicle-taxi, um taxi bicicleta que o cara pedala e te leva para onde você quer (muito usado por cubanos).

Em Havana Vieja existe uma avenida a beira mar, com quiosques parecidos com os da orla do Rio, mas as praias ficam ao leste. Sentamos um pouco para admirar a paisagem, descansar e nos refrescar com uma cerveja bem gelada, lembrem-se que o "bem gelado" é muito relativo aqui, principalmente em Havana um lugar, muito, muito quente. A cerveja cubana se chama Bucanero e é bem mais forte do que as brasileiras, lembra a Stella.

Almoçamos num restaurante escondido em um prédio tão velho que provavelmente se estivéssemos sozinhos não teríamos encontrado esse lugar, mas como estávamos acompanhados de três alunos do 3º ano eles sabiam nos guiar e apresentaram alguns segredinhos da cidade. Nesse momento já estávamos todos esvaindo em suor, mas nos divertindo bastante. Comemos muito e pagamos muito pouco, porque pagamos em moedas nacionais.

Começamos nossa ida para o centro da cidade e terminamos em Vedado, andamos cerca de uma hora a pé, mas valeu a pena pela beleza dos lugares que passamos. Dá pra perceber quando saímos da área turística e entramos no centro, são casas bem velhas e a população fica sentada na porta de suas casas, provavelmente para se refrescarem, e o incrível ficam a beira mar com uma vista maravilhosa.
Vedado é oposto de Havana Vieja e o Centro. É um bairro moderno, com construções antigas, mas não velhas, os sinaleiros são bem mais modernos do que os do Brasil, por isso digo que Havana é uma cidade perdida no tempo, a mistura de modernidade e antiguidade é muito constante nas ruas, na população. É uma cidade muito fascinante e segura. Não existe moradores de rua e muito raramente vi um pedinte, os carros oras são antigos, mas muito conservados, ora são pegeout 2010 e até carros importados. A sensação é que estamos numa cidade dos anos 20, mas com a população do século 21.

Em Vedado, sentamos num bar, numa esquina famosa por ser ponto de encontro de jovens de todos os estilos, geeks, skatistas, patricinhas e mauricinhos, por aí vai. Tomamos alguns vários mojitos e encontramos um carioca que mora aqui há 8 meses e faz mestrado em História na Faculdade de Havana. Na nossa mesa havia de tudo, um belga que fazia espanhol aqui e sempre volta e fica alguns meses, um cubano que acabará de se formar em psicologia e nós, estudantes de cinema. Todos, claro, tomando mojitos.

No final da noite, quase as 10. Voltamos para o local onde a guagua da escola havia nos deixado e iria nos buscar. Passamos de frente a uma pizzaria e decidimos comer. Outra coisa muito legal em Havana, cada um pede uma pizza, que seria a pizza média do Brasil, e come só. A pizza daqui é uma delícia, vale a pena pelo baixo preço e pelo sabor comer a sua sozinha.


Entramos na guagua e voltamos todos mortos para nossa casa na escola.

Comentários

  1. Jade, adorei seu post! Obrigada pelas informações. Abraços

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  2. Conforme vc vai contando, parece que vou vendo as imagens das situações na minha cabeça! Ta muito legal esses posts! Lendo tds os dias... Bjo ������

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  3. Olá Jade,

    Estou indo para Havana essa semana, pois na segunda (25/11) começo uma oficina na EICTV. Gostaria de saber se esse ônibus ele faz Havana/EICTV aos domingos. Se faz, o horário é o mesmo?

    Att,
    Fábio

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  4. Oie Fábio esse onibus faz o percurso Havana - EICTV todos os sábados e domingos.
    No sábado ele sai de Havana (Copélia) as 18:30 e as 00:00. No domingo as 18:30 e as 22:00.
    Provavelmente vamos nos encontrar aqui na Escola ou nesse onibus hahahaha
    Você vem fazer que oficina?

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