Aventuras em série em Havana - Parte 1

No finalzinho das minhas férias aqui na escola, eu cheguei uma semana e meia antes das aulas começarem, fomos dar um daqueles passeios em Havana durante a semana, o que significa que não havia ônibus direto da escola para a capital, mas estávamos decididos a ir, logo, fomos.

No grupo estavam eu e mais dois brasileiros, um espanhol e uma uruguaia. Pegamos carona no ônibus dos trabalhadores que iriam para San Antonio de los Baños e de lá pegamos uma máquina (taxi em carro antigo) até Havana. Esses taxis são coletivos, então cada um paga sua viagem num preço fixo, que seriam 25,00 moedas nacionais ou 1 CUC, bem barato pela distância que percorreríamos.

A diversão já começa na guagua da escola, onde todos os trabalhadores começam a gritar "estudantes que vão pra Havana", esse é o aviso de chegou seu ponto. Vou fazer um parêntese aqui para contar como todos aqui na escola sabem tudo sobre a gente, chega a dar medo! Eles já sabem pra onde vamos, com que roupa estamos e como voltaremos. Isso ajuda porque eles sempre nos indicam a melhor forma de chegar ao nosso destino e sentem nossa falta caso não retornemos.

Voltando ao passeio, pegamos a máquina para Havana, num desses carros bem antigo, e saltamos na entrada da cidade, na verdade, fomos obrigados a descer porque o carro só vai até aquele ponto. Mas sem problemas, pegamos um outro ônibus e saltamos próximos de onde queríamos ir, o local de entrega dos produtos cinematográficos que irão concorrer e ser exibidos no Festival de Havana em dezembro desse ano.

Lá somos recepcionados por um segurança, moreno e de olhos bem azuis, descrição bem comum por aqui. Ele nos explicou que talvez não seria possível entregar o material por algum motivo que não me recordo, mas nos orientou a falar com alguém lá dentro. Foi o que fizemos e conseguimos entregar. Todos aqui são bem solícitos, o que facilita bastante. Na partida, agradecemos e nos viramos para ir embora, mas o segurança, estava se divertindo conversando sobre cinema com estrangeiros estudantes de cinema. Ele era muito politizado e soube falar muito bem sobre filmes, diretores, política econômica do Uruguai e tudo mais, nós brasileiros ficamos boquiabertos. No final ele ainda disse que não gostava muito de filmes e por isso só tinha visto 30 películas no festival do ano passado. Imagine se ele gostasse!

Depois do bate papo com o segurança passeamos por Havana. Fomos andando pelo Malecon até Havana Vieja, paramos, tiramos fotos e de tão diferentes dos cubanos, fomos abordados por um que queria ser nosso guia. Isso é bem comum aqui, eles chegam puxando assunto, percebem que você não conhece a cidade e vão dando sugestões de lugares e te acompanhando, depois querem que se pague pelas dicas. É bem parecido com o que acontece nas cidades turísticas do Brasil, por isso nós os brasileiros percebemos logo de cara as intenções do moço e tratamos de dispensá-lo. A uruguaia e o espanhol estavam caindo no bom papo e o cubano ficou bem bravo quando salvamos os pobres coitados da garra dele.

Depois de um dia todo caminhando e se divertindo, percebemos que não chegaríamos a tempo de pegar a guagua em San Antonio e resolvemos pagar um taxi para voltarmos para Escola. Negociamos com o dono de um carro antigo, muito lindo, um preço justo e o fato de sermos seis pessoas num carro para cinco. Tudo negociado lá fomos nós, num passeio noturno maravilhoso pelo Malecon, num carro dos anos 50 ouvindo música cubana e sentido o vento enquanto nos deslumbrávamos com a beleza de Havana. Estava tudo perfeito até que fomos parados pela polícia. A tensão se instaurou no carro e nem o funk com a música da Carminha de Avenida Brasil consegui deixar a gente relaxado. 

No final das contas o motorista levou uma multa, fomos liberados e continuamos na estrada rumo a escola. Nossos animos voltavam ao normal quando percebermos que estávamos perdidos, o motorista não sabia chegar e ficamos dando volta e mais volta com as indicações da nossa amiga uruguaia. Na estrada escura, sem fim e sem uma alma viva para se pedir informação a tensão voltou a rondar. Depois de muito rodar achamos o caminho de casa, chegamos, pagamos o motorista e saímos depressinha antes que ele nos cobrasse um extra.


Foram muitas emoções em só dia!

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