Quinta - feira

É véspera de carnaval no Brasil. Os curitibanos estão descobrindo que se socializar seguindo blocos de carnaval na rua pode ser bem divertido. Eles ainda estão meio duros, é difícil remexer o quadril, mas um gorozinho aqui e outro ali vai ajudando na malemolência.

Entretanto eles ainda tem muito o que aprender, a começar pelo fato de que não se pode abandonar o bloco só porque começou a chover. A chuva cai, a rua inunda... mas a música e a malemolência tem que continuar, nem que seja com todo mundo se molhando.

Mas em Curitiba não. Começa a chover corre cada um para um lado tentando achar uma marquise para se esconder e a banda... essa segue sozinha ladeira acima até se dar conta que ninguém mais está ali seguindo a música e desfilando a purpurina.

Você começa a ver gente pintada e fantasiada por todo lado, cada um na sua como se todo mundo saísse de casa daquele jeito todo dia para ir tomar uma cervejinha no bar sujo do centro. O bloquinho tem seu momento fugaz de alegria, samba e de protesto.

Sim os blocos de carnaval estão sempre dando umas indiretas do tipo "Sai do armário e vem ser feliz", "10afinados & daí" e tem os nomes daqueles que entendem a realidade curitibana, "o pior melhor bloco da cidade". Mas é carnaval e tá fazendo calor em Curitiba, então vamos para rua desfilar as perninhas que daqui a pouco o inverno chega.

Essa quinta-feira não foi como outras. Foi a quinta do coração partido. Era o Zé que tinha acabado de chegar na cidade porque terminou o casamento e decidiu tirar férias, era a Maria que tava se sentindo mal porque viu o garoto que ela gostava com outra e de repente foi uma mensagem no celular que avisou que o João também acabava de entrar para o grupo.

Desculpem, o primeiro post do ano infelizmente não começou com uma história feliz, mas o trágico também tem seu valor no aprendizado da vida. Estávamos ali, juntos, os três, o bloquinho de carnaval que acabou sem público pela chuva, a cerveja e o brinde mais triste do dia.

Assim terminou nossa quinta - feira subindo a São Francisco e descendo a Trajano com a tristeza no coração, a cerveja na mão e um ar de esperança de quem espera que tudo melhore no fim de semana.

O Curitibano nunca perde a esperança, a mudança climática constante durante um dia ajuda eles a não desistirem nunca de ir pra rua, faça chuva, faça frio, faça sol, com bloquinho de carnaval, com coração partido sempre vai haver algum momento em que o vento vai sobrar, o clima vai mudar e você vai poder dar seus pulinhos por ali.

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